terça-feira, 3 de julho de 2012

O dom do silêncio em São Gilberto

              

            Muitas coisas que acontecem em nossas vidas não as podemos compreender apenas com a razão e lógica humanas. Como no Evangelho, muitas vezes somos atribulados pelas ondas enormes que parecem que vão nos sufocar e não teremos força o suficiente para poder superar todos os obstáculos que nos invadem a alma e a angústia nos entorpece. Será que estamos sozinhos? Será que fomos abandonados?
              Nestes momentos angustiantes que nos assaltam devemos ter a firma esperança e certeza da onipresença de Deus. E para que isso possa acontecer em nós precisamos da graça do dom do silêncio.
              Falamos muito porque pensamos muito. Nos é difícil silenciar. Parece até que a nossa oração seja ouvida por Deus no muito falar de nossas palavras. O próprio Jesus nos ensina a orar no silêncio de nosso quarto, porque o Pai sabe do que nós precisamos. "O silêncio é, mais eloquente do que os discursos", nos diz um provérbio árabe. O silêncio nos torna mansos e humildes, porque, por meio dele aprendemos a ouvir com maior facilidade a voz de Deus.
             São Gilberto foi um homem do silêncio. Soube silenciar diante dos acontecimentos de sua vida e das suas adversidades. Silenciar é a capacidade de calar-se, mas é também omitir. Calar-se diante de Deus, aprender a ouvir, a perceber os sussurros de Deus como na brisa suave de Elias. Para poder fazer esta experiência é urgente omitir, ou seja, descuidar-se de fazer minha própria vontade. Por meio do silêncio ficamos cheios de um amor incondicional. O silêncio leva-nos a amar.
              Por isso, o silêncio é um dom que nos aproxima mais da vontade de Deus e nos afasta mais de nós mesmos e de nossas manias, nossa prepotência humana. Quem consegue guardar o silêncio diante das coisas e dos acontecimentos pode vislumbrar melhor o poder de Deus que vem em nosso socorro e nos defende.
              O silêncio é uma atitude humana fundamental, capaz de expressar as mais diversas situações interiores. Não se trata de uma simples negação da comunicação, mas de um elemento essencial a ela, pois a comunicação não pode dar-se sem a síntese da palavra e do silêncio. A falta deste equilíbrio gera um barulho que entorpece e não aponta nenhuma direção. 
              Foram exatamente estas as experiências profundas do amor de Deus que São Gilberto vivenciou no sua abandono total à santa vontade do Senhor em sua vida. O dom do silêncio nos liberta das nossas próprias seguranças, pois nos convida a mantermos fixos os nossos olhos nas mãos do Senhor porque nos caminhos desta vida é ela que nos acompanha e dirige o nosso caminhar.
               Que São Gilberto de Sempringham, amigo do silêncio nos ajude nesse silenciar a nossa voz, o nosso ouvido e, principalmente, o nosso coração.


               

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