sexta-feira, 26 de abril de 2013

A vida espiritual de São Gilberto


         

         "O freqüente recorrer à oração, bem como a concentração que sempre demonstrava em suas devoções, ilustram o grande amor a Deus que existia nesse homem, que observava tão escrupulosamente o mandamento da caridade para com o próximo. Pois embora a sua vida e comportamento fosse uma oração oferecida em todas as horas, sempre que podia Gilberto “roubava” oportunidades para rezar secretamente. E isso realizava não como a maioria das pessoas, apenas com o movimento dos lábios e com a mente em outros assuntos; elevava aos céus os pensamentos, as mãos e os olhos, batia no peito e ajoelhava-se revelando as ansiedades do homem interior. Podemos citar muitos exemplos para provar isso
       Com freqüência convidava algum dos seus companheiros de clero para rezarem juntos. Ficavam diante dos degraus do altar entoando os salmos de Davi; e sempre que encontravam o nome do Senhor ou referência semelhante no salmo, quando a citação ocorria, Gilberto se ajoelhava e se prostrava no chão. O clérigo seguia-lhe o exemplo; Gilberto demorou tanto que o clérigo ficou tão cansado que jurou jamais rezar com ele novamente
          Outra vez, um outro bispo aceitou a hospitalidade do mestre de Gilberto. Enquanto estava acordado no quarto do bispado em que Gilberto geralmente dormia, viu na parede em frente à luz, a forma de um homem na sombra, que ora se levantava e ora caía a noite inteira. Sem saber do que se tratava, mas imaginando que era uma aparição, ficou paralisado de surpresa e de horror. Contudo, ao investigar mais cuidadosamente o fenômeno, descobriu o nosso homem de , rezando diante da cama, e observou que freqüentemente erguia as mãos e se ajoelhava. 
          Na manhã seguinte o bispo relatou o que acontecera e rindo acusou o anfitrião de manter um dançarino em seu quarto e que o assustara na noite anterior. Citamos esses exemplos para comprovar o que Gilberto certa vez disse aos seus seguidores: que costumava subjugar o corpo ao máximo com jejuns, vigílias, orações e outros exercícios espirituais, no tempo em que esteve na corte do bispo e também posteriormente
          Contam os da sua casa que, em certa ocasião, ele se acusava de ter flagelado mais o corpo antes de entrar para a vida religiosa do que depois, embora depois de tomar o hábito da religião sagrada ele não tenha sido de modo algum negligente em lutar contra a carne. Mas se dedicou menos a essas práticas, e se depois de ser designado guardião dos vinhedos não guardou as suas vinhas como antes, não devemos atribuir isso à preguiça ou à negligência, mas sim a uma preocupação necessária e caridosa com os assuntos da casa; da mesma forma lemos que a virtude de São Martinho não diminuiu depois que ele se tornou bispo."

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